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Tensional Metabólico

A ciência vem mudando constantemente suas valências e crenças, quebrando assim paradigmas.


Por: Victor Lima

Tensional Metabólico

Segundo Santarém (1999), durante as contrações musculares mais prolongadas ocorre um aumento considerável na atividade dos processos de produção energética, caracterizando uma maior carga metabólica no que se refere as vias energéticas.

Essa sobrecarga metabólica tem grande contribuição para o aumento do volume muscular, através do considerável aumento dos substratos energéticos localizados no sarcoplasma. São exemplos de métodos de treino que utilizam estímulos metabólicos o super-set, o drop-set e o bi-set.

Você está se perguntando então, se ambos os estímulos promovem diferentes hipertrofias, qual é o melhor? Pois bem, vou tentar responder a esta questão.

Em um estudo de Fagundez (2012), foram realizadas pesquisas com 10 indivíduos para verificar os resultados de estímulos tensionais e metabólicos. Para isso, estes foram divididos em dois grupos. O primeiro grupo realizou os exercícios com o intuito de realizar estímulos metabólicos. Desta maneira, os intervalos de descanso eram de 45 segundos e as repetições de no mínimo 15 vezes, com 60% de 1RM. Já o segundo grupo realizou o mesmo treino, porém, com 80% de 1RM, 2 minutos de intervalo entre as séries e no máximo 8 repetições. Ao final do estudo que durou 10 semanas, foram encontrados os seguintes resultados:

  • O grupo 2 (estímulos tensionais) apresentou um aumento de perimetria de braço, em média de 0.4 cm.
  • O grupo 1 (estímulos metabólicos) teve uma redução de 0.2% a mais em suas dobras cutâneas, quando comparado ao grupo 2.
  • Todos os participantes obtiveram melhora em sua perimetria e redução do percentual de gordura.

Os estímulos metabólicos produzem uma melhor adaptação do complexo articular em geral, bem como da melhora da vascularização e do aumento dos substratos energéticos. Por sua vez, os estímulos tensionais são realizados em altas intensidades, pelas elevadas cargas, sendo assim, indicados também para fases de redução do percentual de gordura.

Neste sentido, ao falar sobre estímulos tensionais Guedes Júnior (2003) afirma que o aumento que ocorre na síntese das proteínas contráteis, estimulado principalmente pelo treinamento de força, promove o aumento do tamanho e da quantidade de miofibrilas em cada fibra muscular. Esta adaptação é conhecida como hipertrofia miofibrilar. Sendo assim, o estímulo tensional, que está relacionado com o alto nível de tensão que é imposto ao músculo através de um peso elevado a ser vencido, causaria este tipo de adaptação. Desta forma, em um treinamento resistido, quanto maior a carga de trabalho (peso), maior será a sobrecarga tensional imposta. Grandes sobrecargas tensionais são feitas com menos repetições em um curto período de execução.

Segundo Dr. Paulo Gentil, apesar dos mecanismos bioquímicos e celulares responsáveis pelo processo de hipertrofia do músculo esquelético ainda não estarem totalmente compreendidos pela ciência, os resultados já estão devidamente documentados. Estes resultados se caracterizam por um aumento total no diâmetro do músculo esquelético, ou aumento da sua área transversa. O mecanismo primário desta hipertrofia total é o aumento, em tamanho, das fibras musculares, que é promovida tanto pelo aumento da área de secção transversa da fibra, como pelo crescimento longitudinal. Este processo é a resposta do aumento no número e tamanho das proteínas contrateis, ou miofibrilas (actina e miosina), assim como um aumento no número de sarcômeros (FLECK & KRAEMER, 1999).

Outro fator que contribui para a hipertrofia total do músculo esquelético é o aumento do volume sarcoplasmático, ou do seu conteúdo líquido. O sarcoplasma nada mais é do que o citoplasma, ou seja, o protoplasma que envolve o núcleo da fibra muscular, onde contém basicamente grandes quantidades de glicogênio, mitocôndrias e mioglobinas, estruturas que respondem pela hipertrofia do sarcoplasma.

O que vem acontecendo, então, parece ser uma sequência de confusões à cerca destas respostas adaptativas ao treinamento de força, baseados nesta "diferenciação".

Encontram-se registrados, em algumas literaturas, a existência de dois tipos de hipertrofia: 1) tensional, ou miofibrilar e 2) metabólica, ou sarcoplasmática. Os autores parecem afirmar categoricamente que o treinamento de força, dependendo da sua configuração (estímulo tensional ou metabólico), produziria tipos diferentes de hipertrofia (BADILLO & AYESTARÁN, 2001; GUEDES, 1997, citado por GUEDES, 2003; ZATSIORSKY, 1999). SANTARÉM (2004), diz que a hipertrofia dos músculos esqueléticos é estimulada pela sobrecarga tensional e que a maior hidratação e vascularização dependem da sobrecarga metabólica.


Entendemos, então, que as sobrecargas tensionais provocariam a hipertrofia das estruturas sólidas, ou contráteis, do músculo esquelético (actina e miosina), e que as sobrecargas metabólicas produziriam a hipertrofia sarcoplasmática, uma vez que aumentariam a concentração dos fluidos encontrados no sarcoplasma. Neste sentido, BADILLO & AYASTARÁN (2001) admitem que o aumento no tamanho do músculo esquelético resultante da hipertrofia sarcoplasmática, mostra o crescimento do sarcolema sem, no entanto, ocorrer um aumento no tamanho e no número de proteínas contrateis que, de acordo com os autores, é a efetiva. Assim, densidade miofibrilar (relação tamanho x número) decresce, enquanto a área de secção transversa do músculo aumenta, sem serem observados aumentos na força. Desta forma, parece que os músculos muito hipertrofiados acompanham uma redução na densidade miofibrilar, o que indicaria uma diluição das proteínas contrateis (MACDOUGALL et al, 1982citado por BADILLO & AYASTARÁN, 2001).

Conclusão:
Será que diferentes tipos de treinamento resultariam em tipos diferentes de hipertrofia? Haveria um racional, ou uma lógica que sustentasse este argumento? Parece ser fácil responder que sim. Parece ser a lógica, uma vez que o estímulo é distinto, produziria respostas distintas: Se a sobrecarga é metabólica, a hipertrofia acontecerá no sarcoplasma, e se for tensional, nas miofibrilas.

#teamvictorlima

Bons treinos.

Referências:
BADILLO, JJG; AYASTARÁN, E. Fundamentos do Treinamento de Força. Aplicaçãoao Alto Rendimento Esportivo. 2ª ed. Artmed. Porto Alegre, 2001.
FLECK, SJ; KRAEMER, WJ. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. 2ª ed.Porto Alegre: Artmed, 1999.
GENTIL, P. Hipertrofia Sarcoplasmática x Miofibrilar.
GUEDES JUNIOR, DP. Musculação Estética e Saúde Feminina. São Paulo: Phorteeditora, 2003.
SANTARÉM, JM. Fisiologia do Exercício e Treinamento Resistido na Saúde, na Doença e no Envelhecimento.
SANTAREM, José Maria. Treinamento de força e potência. In: GHORAYEB, Nabil; BARROS NETO, Turíbio Leite de. O exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999.
ZATSIORSKY, VM. Ciência e Prática do Treinamento de Força. Phorte, 1999.